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Poesias-->UM "EU" SENTADO NUMA POLTRONA -- 25/06/2000 - 12:05 (João Ferreira) |
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UM EU SENTADO NUMA POLTRONA
Horizonte de castelos níveos dourados
Mostra o sol dominando os píncaros
Os olhos do viajante aéreo
Suaves sonhos cria
No delirante espaço do amplo céu
Mitológicas memórias
A decantada morada dos deuses lembram
Abrindo olímpicas janelas
À sacrossanta adoração
No vão do espaço
Sou o nauta de uma poltrona
Inebriado pelo flash mágico
Da janela cósmica aberta para a imensidão
Assim vou feito Ícaro
Puxado por quatro motores e duas asas
Meus tutores e meus amores
Na rota da celeste aventura
Feéricas e gigantescas figuras
Movem-se no sedoso corpo das nuvens
Muito acima de vales e montanhas
No domínio indescritível do cosmos
Me transformo num misto de nauta sofredor
Obedecendo a um eu processador
Circunscrito à prisão de uma poltrona
Como habitante da terra
Claramente me convenço
Que a força da poesia metafísica
Cresce aqui em cima
Em razão do precário balanço
A poesia torna-se religiosa ou religada
E o cosmos nos aparece em majestade real
Com o potente dedo de Deus exarado
Na sutileza dos complexos mistérios da Natureza
Oh a beleza das nebulosas e dos cebês
Oh a delícia dos olhos
No horizonte farto que lobrigamos
Oh o ofício amoroso da poesia
De tarjas cósmicas
Luminosamente reveladora
Na linguagem que os olhos vão criando
Oh este meu Eu humilde e ajoelhado
Diante da majestade solene deste céu brilhante
Eu vou seguro no ombro do mistério
E da grande força cósmica
Que me sustenta em plenitude e comunhão
Arredo de mim a poeirinha ridícula
Do orgulho humano que no Planeta levanta
A voz agnóstica de um faro metafísico fracassado
Aqui vou bem limitado no latifúndio de uma poltrona
Sem direito a greve
Com direitos constitucionais suspensos
Sob a ditadira destes motores e destas asas
Com disponibilidade imensa para a reflexão
Vou e me sinto bem
Em comunhão natural com a vida e com o universo
Esta mordomia interior me dá resistência firme
À sonante tela da comissaria
Que no bojo do avião exibe estrepitoso filme policial americano
Com tiros e asaltos a bancos
De mistura com amores prostituídos
Carros de polícia e ruidosas rajadas de metralhadora
Indiferente ao programa da comissaria
Voo pelos céus da terra
Com minha alma e meu espírito
Independentes e essencializados
No circuito interno de um processador que os representa
De Portugal por sobre o Atlântico, Açores e Canárias
Pela rota de Fortaleza em direção ao Rio
Balanço com as temerosas e frágeis asas
Acompanhando o movimento das janelas cósmicas
Vou sendfo alimentado por esse olhar místico
Que vai conquistando novas formasd we novas cores
No deslumbramento
De mergulho emocionante das neblinas celestes
Usufruo, o prazer incontido de instantâneos vivos
E torno-me íncola do universo
De um mundo magnífico e misterioso.
Viagem a bordo do DC 10 da VARIG RG 703
Porto-Rio-S.Paulo
Dia 26 de fevereiro de 1994 |
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