Amor Real ou Virtual?
Iracema Zanetti
Há que existir explicações plausíveis
que nos convença que a distância física
de corpos que não se conhecem,
nunca se tocaram, nunca se sentiram,
possa ser igual a dor da ausência
e da distância insuportável
que separa dois seres que se amam
que se possuem realmente,
chegando a seus limites,
apenas no encontro de um olhar
que sabe, com ternura, pedir o que deseja,
apenas num abraço, onde os corpos
aproximam-se, encostam-se e, se roçam, sentindo
o desejo do sexo explodir em suas veias!
O amor virtual entre dois seres
poderá ser suportada, superada, transformada
em amor platônico e, transcender-se,
elevando-os a êxtases incompreensíveis,
delirantes de etéreos orgasmos?
Terá o amor virtual esse poder,
ou tudo não passa de fantasias,
de utopias criadas por nós mesmos,
para não nos expormos a possíveis sofrimentos
da realidade, nua e crua da vida, que nos apavora?
Satisfazer necessidades imantadas,
sentir o prazer do gozo sem que haja
toques reais do parceiro (a)
pra satisfação dos desejos naturais
de um corpo que aos poucos
vai perdendo o sentido da vida,
deixando um vazio insuportável
na alma angustiada, sem ver o brilho
do olhar um do outro, viver sem a
poesia do amor, viver mecanicamente
atrás de uma máquina de fazer doidos?
Amor virtual...
Ahhh...
peço desculpas a este amor solitário,
vazio, frustrado que ao ir para cama
encontra a seu lado um espaço vazio e gelado!
Quando, no amor real, é imprescindível
o calor dos corpos colados, pegando fogo,
o suor gostoso, molhando um ao outro.
Coração disparado, voz que grita,
ou em surdina sussurra palavras de amor!
No amor há que se sentir o movimento dos corpos,
como aves bailando, como pirilampos piscando,
como sinos tocando!
Há que existir a nudez dos corpos
à procura das formas, dos contornos,
da maciez da pele, do arrepio prolongado,
do perfume do corpo, dos beijos na boca,
de mãos procurando seios,
de mãos procurando protuberâncias,
de uma voz abafada e rouca
de tanto gozo dizendo:
Amor... Como eu te amo!!!
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