O meu mundo não é mais
Que estas folhas de papel
E meia dúzia de palavras
Que nos servem de pincel.
Não vivo só neste corpo,
Ela também aqui mora!
E quando tento escrever
Manda-me sempre embora.
Saiu, triste, desesperada...
Bato com força na porta,
Sei que tenho de sair
Se permaneço nada se escreve.
Ela faz e eu corrijo,
Ela diz e eu exijo.
Então saiu,
Passeio pelas ruas
Vejo montras a fio,
À noite volto.
Volto sempre.
O corpo também é meu
Abro a porta devagar
Ela continua sentada
Olhos fixos no papel
Sento-me ao seu lado
E começo a recitar...
Neste momento
Vejo pela primeira vez
Os meus próprios poemas. |