“Meu canto de morte,
Guerreiros ouvi.”
I-Juca-Pirama — Gonçalvez Dias
O que te fizeram, o que te fizeram,
Bela e verdejante Pindorama?
O que fizeram de tuas praias cheias de poti,
De tuas matas que rescindiam a baunilha?
O que fizeram dos filhos de Koaracy?
Desde que os Karaí e o Mair, vindos
Do mar e aportaram nestas plagas.;
Desde que o Morubixabaçu trouxe
Suas guerras contra o cacique de Lisboa.;
Liberaram o Anhagaçu por nossas terras.
Fugira daqui o jataí e seu mel,
Fugira o tapir, o tamanduá, até o jaguar
Destas matas virgens fugira deste fogaréu.
O que fizeram de ti, O que fizeram
De minha amada Pindorama?
Tiraram os curumins para a oca do avaré,
Tiraram as cunhãs para a cama do Karaíba.
Destruíram nossa taba com mosquitos de fogo,
Desrespeitaram os pajés e o Monhãmonhangá.
Roubaram o urucum das nossas pinturas,
Das matas, a Ibirapitanga e o Jacarandá.
Não mais se ouve a voz do Uirapuru,
O canto do Sabiá, o nado da pykyra.
Diz o avaré que, para irmos à Katurama,
Devemos trocar nossas tradições e verdades
Pelas crença em Tupã, Tupãcy e Nhandejara.;
Que devemos ignorar nossos sábios piagas,
Que devemos esquecer nossos ensinamentos
Porque são os maus conselhos de Jurupari.
Ora! Não há de esperar, tapuia karaí!
Haverá de vir o nosso morubixabaçu,
Que, com a ajuda do mboi-tatá e da curupira,
Veremos renascer a glória dos filhos de Monhã,
Veremos brilhar Jaceí e Koaracy sob nossa ocara.
JUKAÍ KARAÍBA!!!!!!!!!!!!!
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