A muito, muito tempo que cultivo
Um pequeno, secreto jardim de delícias.
Ninguém, ninguém sabe onde ele fica,
Somente eu, com meus sonhos e desejos.
Neste meu jardim, o terreno é árido
E branco, com pedras pelos cantos.
Não tem cores vivas ou aves canoras,
Diferente dos outros que já vi.
O meu jardim é calmo, diriam até que triste,
Pois não tem raras tulipas ou grandes orquídeas.
De seu, só um pálido, tênue luar de outono.
O Sol jamais o visitou, nem a Chuva.
Enganasse que dirá que meu jardim é ZEN.
Ele seria a última morada de um monge oriental.
Ele não é refúgio das sombras ou porto mental.
Seu silêncio é vaga-lume de fogo ante da batalha.
Meu querido jardim, que me traz tanta alegria,
Tem no centro uma pequena fonte (seu tesouro),
De águas límpidas e fresca. E só uma rosa suave
A abraçar o sóbrio caramanchão de mármore.
Ali fica o nicho pétreo onde descanso
Meus versos. E vejo meu amigo coração
(que de vício é chumbo, mas vale ouro)
Dormir sossegado após as bravas tormentas.
E assim longe de todos os olhos
E tão perto de minha mão ferida,
Recolho a este meu secreto jardim,
Descanso deste turbilhão chamado vida.
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