No alto do Promontório da Aurora,
Próximo ao Jardim das Quimeras,
Ergue-se solitário o Castelo da Saudade.
Antípoda ao Refúgio das Sombras,
Eleva-se sobre a falésia de granito
O Torreão de mármore e marfim.
Receba a luz das auroras em flor,
Meu Castelo da Saudade,
Lar onde meus amores esquecidos
Vagam pelos seus corredores.
As sombras de minhas antigas amadas
Passeiam com teus mantos de luares
E teus colares de lágrimas.
Como um farol do Desejo e da Eternidade,
Tua sombra me conduz às minhas rainhas.
Quantas tardes já passei dentre tuas janelas,
A espera do bergantim que me trazia
As novas musas, novas odaliscas
Para este meu doce serralho,
Cujas lembranças acendem-me o estro
E faz brotar de teus azulejos novos poemas,
Como fogos-fátuos nascem no horizonte?
Velho castelo de torreão imaculado,
Quantas vezes foste meu único confidente
E meu consolo, com as macias brisas
E a neblina encantada que entrava pela tua porta!
Quantas vezes foste a fornalha de meu coração em brasa
E acolheste em tuas câmaras os beijos mortos de minhas amadas
Que ora velejam em tu murada,
Ora mergulhavam nas constelações de ardentias?
No alto de promontório da Aurora,
Próximo ao Jardim das Quimeras,
Ergue-se o solitário Castelo da Saudade
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