O teu desejo continental
é uma mesa desmantelada,
dispersa no quadro da memória,
ressequida na palha do milho.
Em cada palavra despencada -
espantalho na voz do sabiá,
lâmina no caule da rosa,
fumaça debaixo dos tapetes.
O teu desejo continental -
silêncio descarnado no peito,
sal na garganta tumultuada
e rebeldia do sono da flor. |