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Poesias-->Nem tão Amargas... -- 11/07/2002 - 18:36 (Lílian Maial) |
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Não tão Amargas...
Já fui tanta coisa,
já fiz tanto trato com o outro lado,
que hoje não mais me espantam as dores.
Estranham-me sim os risos puros do prazer
e as meigas palavras dos enamorados.
Enerva-me essa alegria inconsistente
que atravessa léguas para me possuir os ouvidos.
Incomoda-me essa ânsia de não parar
de me entregar ao amor
e com ele ver enterradas ilusões.
Ah, eu e minhas exigências...
Melhor teria sido fingir de mulher
- Carolina ou Amélia ou Maria -
e ter passado os dias na janela.
Mas isso também não funcionaria,
não comigo, que findaria por obrigar-me
a cobrar da vida o recibo
do dever cumprido,
enquanto meus ossos sonhassem cinzas
e acordassem pomba,
voltando nas pegadas do correto.
Lá atrás, em algum ponto,
eu me acharia
[como hoje]
e levantaria da pedra na estrada,
sacudiria o pó das obrigações
e abriria o peito à dor,
pois que teria sede e fome
após uma existência
à míngua de amor.
Lílian Maial
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