Cheguei então, depois de tanto tempo, caminhando, desde quando ainda pequeno aprendi, aos meus Vinte Anos. Se mudei, mesmo que um dia não tivesse querido, mudei, e mudei muito. Cheguei então, e já não era hora, a idade que tenho, abrindo a cabeça, lendo a beça, gostando de coisas boas, sempre gostei de coisas boas. Cheguei e já estava na hora.
O antes, de agora a que me refiro, foi perdido e o que fica são, sem mais, lembranças, boas, ruins, mas sem importar o tipo, lembranças. A primeira dança, lembrança que não lembro.; o primeiro beijo, lembro, doce lembrança.; a primeira lágrima por amor, que além de ter sido a primeira, pela mesma pessoa, e portanto, mesma lágrima, foi a última. Ah! Doces lembranças, amargas lembranças. Lembranças.
Mas o que sou hoje foi tudo o que restou e não sou lembranças, talvez o fosse num caso de morte, santificação ou coisa do gênero.
Portanto cheguei aos meus vinte anos, enfim cheguei, de mãos dadas com a realidade. Também descubro que cheguei de mãos abanando, não tenho nada de importante.; financeiro, social, amoroso ou político.; e bem queria ter (e de tudo, na verdade, tenho as coisas mais importantes do mundo). Cheguei ao hoje, vinte anos depois de ter nascido, agradecendo por ter vinte anos, mesmo que isso não seja grande coisa, já que se não o tivesse não estaria vivo, e por perceber que além de ter uma vida com vinte anos, eu tenho amizades e sou feliz.