47 usuários online |
| |
|
Poesias-->Cinzas & Sombras -- 01/07/2002 - 12:45 (Darques Lunelli) |
|
|
| |
CINZAS & SOMBRAS
Pudera
eu tanto querer saber
pois lenta cai a tarde
ruge o vento como um leão.
São lâminas pardas contendo sangue
douradas formas ocultando sonhos
ruge o vento cai a tarde
e eu quisera ver o rosto
despido dos pudores
ver as sombras na escuridão das sombras
tijolos como sonhos empilhados.
Pedras cortam
mas nada sangra tanto quanto o desejo
que em bocas tortuosas
veredas íngremes
se perde.
Tartarugas e seixos
madressilvas e rosas
varandas e casas nas desertas ruas.
Lentas tartarugas
centauros transtornados
deixando tênues pegadas na areia
ruge o vento desesperado
sombras e sombras e sombras projetadas
como filmes antigos
trufautnianas mulheres beijam
bergmanianos velhos bárbaros.
Cinzas e sombras
diamantes e tijolos em meio à bruma.
Cai a tarde
cai e no chão transforma
bocas e lábios em rotos caminhos
grilos cricrilam em meus ouvidos
resquícios de vícios
restos de dias.
Cai o vento ruge a tarde
como o Tigre que espreita Blake.
Pudera
o rosto oculto desvendado ser
e tardes e ventos misturados
como essências perfumar o corpo
e confundir num único cheiro
o desejo da carne e o desejo do espírito
e tigres e centauros e tartarugas
a caminhar entre as sombras dos tijolos
e madressilvas e rosas e morangos
como diamantes em meio a cinzas
serem os alimentos e os adornos
da tarde caindo lenta
na lâmina parda que contém a noite.
|
|