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Poesias-->A visita -- 29/06/2002 - 20:46 (Dante Gatto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A visita



Sempre a mesma visita

à noite, altas horas,

quando todos dormem...

Há muito dormem, é verdade.

O dia foi duro e o que virá também.



Permaneço, no entanto, insone com meus pensamentos.

Insisto

como se nada valesse a pena,

como quem nada tem além de

pensamentos.

Como se o vasto dia fosse uma ilusão desprezível.



Ela chega sempre

quando pressinto que devo dormir.

Só eu para atendê-la.

Os outros todos, meus companheiros, dormem...

ou simulam que dormem?

Quem sabe, os covardes!



Há também os que morreram...

Mataram-se por medo!

Haveria afinal outra razão?

Mataram-se sem explicação,

sem um bilhete sequer.



Há os que preferiram o álcool, o ópio...



Só eu para recebê-la...

Ela chega e repousa seus olhos,

seus grande olhos de procura e tédio,

nos meus olhos cansados

e não fala nada.



Qualquer palavra bastaria,

qualquer palavra seria um lenitivo,

traria, talvez, reminiscências e nostalgia.

Quem sabe teríamos muito em comum

além da muda e estéril solidão.



Por que, então, bate à minha porta,

altas horas,

quando todos dormem,

profundamente

e assenta-se diante de mim

com seus grande olhos?



E se eu não a recebesse?

Ou se, melhor, acordasse todos para vê-la,

os idiotas que duvidam da sua existência?

E diante de todos,

todos os meus companheiros,

eu a obrigasse a falar,

a explicar-se por que me procura?



Quando ela chegar, hoje,

gritarei!

Gritarei a plenos pulmões

em direção ao corredor vazio.



Bem sei, afinal, que será inútil.

Há muitos quartos e ninguém me ouviria.

As portas estão fechadas,

bem fechadas,

para que não ouçam o ruído das ruas.

Afinal o dia foi longo e terrível ...



Tomarei um forte calmante e

dormirei a ponto de não ouvi-la.

Que procure outro lugar,

que durma na rua

se é que dorme,

a descarada, a vagabunda...



Todos dormem.

Há muito dormem.

Ouço passos vindos da rua,

do barulho louco da rua.



Quando ela chegar

abrirei a porta como sempre.

Ficaremos um diante do outro,

terei seus grandes olhos de procura e tédio,

terei meus pensamentos e

não diremos nada.



Dante Gatto

Professor da UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso)

gattod@terra.com.br

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