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Poesias-->Palavras de amor -- 28/06/2002 - 22:26 (Dante Gatto) |
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Palavras de amor
Compreendo pouco do que me prende,
muito pouco.
Há respostas que anseio,
há perguntas não formuladas,
há medos indefinidos,
assombros e dúvidas.
Há coisas que não deveriam ter sido
e o enorme vazio das coisas que não foram.
Há revelações tardias e desnecessárias e
a dolorosa expectativa da palavra que não se realiza.
Respiro toda a incerteza do mundo,
respiro a dor e sobrevivo.
A dialética já não me perturba:
sorrio diante de todas as antíteses.
Há um cemitério de idéias aos meus pés.
O ar é límpido, porém.
Não me interpretem mal:
não tenho tido êxito algum
na luta de poderes entre os homens
que, inevitavelmente, afundei.
O mesmo sol inclemente,
os mesmos duros invernos
se sucedem.
Minha grande contribuição à humanidade
ainda é um promessa,
uma frágil e perturbadora esperança
na confusão dos erros e do vício.
Aqui dentro, percebam,
dentro do meu velho coração de náufrago,
há música e luz
(não se espantem)
que enternece e ilumina.
Como o primeiro poeta,
antes da dúvida e do pecado,
livre de todas as amarras,
compreendo a essência da felicidade e
a beleza imperturbável
de todas as palavras de amor.
Dante Gatto
gattod@terra.com.br |
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