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Poesias-->MEU PAI -- 27/06/2002 - 03:02 (Marcelino Rodriguez) |
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MEU PAI
Hoje, pela manhã ainda,
Sonhei com o túmulo do meu pai,
Um pouco mais burguês que sua gaveta rasa.
Sua campa estava com o cimento amolecido.
Eu quase afundava em cima dela,
Quando despertei assustado.
O que me quer narrar este sonho?
Ou é apenas um sonho, mais nada?
Ou vive ainda meu pai, fora da campa?
Lembro bem das feições dele,
Mas pouco de suas palavras.;
Alguns versos sobre o porto de Vigo
E conselhos para sempre guardar dinheiro.
Uma vez meu pai deu-me uma gaiola para pintar.
Meu pai alimentava os pombos,
Mas não os prendia.
Bebia três cervejas por dia, no mínimo,
E foi na velhice um espanhol orgulhoso
E solitário, esquecido do filho.
Por que sonhei hoje
Com o suposto túmulo do meu pai?
Para que viessem-me lembranças dele
A sacudir os pássaros da memória
Ou as canções de saudades que jamais sentiremos
Porque não foram compostas?
A vida vai de um túmulo a outro,
Plena de pássaros, sonhos, canções e sustos
Do qual nunca saberemos o sentido
E continuaremos a morrer e a enterrar
Num infinito mistério.
Estar desperto é apenas como sonhar pela manhã.
08/02/2002
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