Soube que ela havia se suicidado e sequer deixara uma carta.
Sentí muito.
Seus poemas eram como um soco no estômago.
Desfiavam linha por linha os enigmas desse
eterno esconderijo chamado homem.
E fiquei pensando: como pode um poeta cair
no lugar comum dos idiotas?
(A vida deve ser desmembrada como uma frase,
e reconstruida, unindo-se palmo a palmo
linhas que, apesar de tênues, fixam no âmago
a necessidade de viver e de não querer chegar
ao fim, sem a precisa consciência do meio).
Que a paz esteja contigo, Ana.
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