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Poesias-->Camaleão -- 17/06/2002 - 17:04 (Lucas Tenório) |
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Vai, Cameleão,
descolore o teu
disfarce
e o teu descaso!
A tua face,
desvenda-me,
Camaleão!
Pois não te enxergo,
não vejo a cor,
o tom difuso,
o tom confuso,
o submisso
tom
da dissimulação.
Vem,
Camaleão,
o arco-íris
te inveja
Furta a cor!
descolore
a tua íris,
a tua pele,
o teu rubor,
o tom
da atribulação.
Da aptidão,
Camaleão,
lança mão da
tua astúcia,
teus sentimentos
vãos.
De tua visão,
eu quero ouvir-te,
a tua argúcia,
o teu discurso,
o teu senão.
Fecha a pálpebra
sai da luz,
não te arrisque,
vem à penumbra,
tardiamente,
pois que assim,
e como estás,
nunca saberei quem és.
Chega, Camaleão!
Vem ao revés,
nada mais te aflige,
não tema o chão.
Eu quero ver-te
ao natural,
e frente a frente,
fitar teus olhos,
como animal,
que tira a máscara,
e mostra o rosto,
mostre os teus dentes,
o teu desgosto
e o vigor das
tuas veias.
Não vás uivar
em luas cheias.
De antemão
eu sei da tua
inqueitação.
Sei dos teus sonhos,
sei do teu medo,
eu sei da tua
frustração.
Mas mesmo assim,
Camaleão,
eu quero ouvi-lo,
quero senti-lo,
quero tocá-lo,
e convidá-lo
à comunhão,
com o dedo
em riste
e com fetiches
e sem personas,
a esconjurar-me
a solidão. |
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