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Poesias-->O ENREDO DOS INJUSTIÇADOS -- 17/05/2000 - 16:59 (Giancarlo de Oliveira Maron) |
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Acorda o bêbado pela escada
da igreja de São José
o seu sonho tranqüilo
As roupas molhadas pela chuva de ontem
teus olhos tristonhos, agora sonha
com o café.
Acorda o bêbado no leito da cidade
o horizonte apaga a luz da varanda
anunciando o novo dia
Na praça é dia dos brinquedos
da criança,da banda...
E vem o bêbado com o ser molhado
As roupas já secas, recita o enredo
enredo do dia do injustiçado.
As horas passam na enchurrada
do cana-letra,
o bêbado senta-se na corrente d água
a recitar o poema:
"Um rosto puro, um pecado feliz
sociedade opulênta oniciente
minha vida cheia de escassez",
"Eu falo da fome do homem onipotente
e da morte do ser onipresente
aqui o rosto é sujo e limpo pela avidez",
"Sociedade carente fala de minha embreaguês
s esquecendo que a ressaca saiu dos teus olhos,
veio do que fizeste e do que não fez".
Todos fingem não ver e ouvir
crianças riem e dizem-é doido !
O bêbedo lúcito volta
a igreja São José
com uma garrafa de cachaça na mão
diz chorando.; "Vou beber pra esquecer
destes homens de pouca fé".
livro: O Poeta e o Menor Abandonado
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