Um dia no imenso mundo, éramos quatro...
Nos assentavamos num palanque azul e alaranjado, da casa em madeira, caprichosa, cor da Holanda.
Alí sem dúvida, como uma nave espacial viajavamos no tempo e no mundo. E como destemidas crianças construíamos, construíamos... Temíamos, temíamos o futuro.
Futuro que não nada além de nossas famílias, pois temíamos perdê-las cedo demais.
Falavamos da sorte, das mulheres, dos heróis da Tv, da escola...
Inventavamos a valer.
Corríamos a nos divertir.
E já criticavamos a guerra, abordavamos a paz como adultos.; diziamos da natureza. Embarcavamos na arca de Noé. E instintivamente lutvamos pela justiça.
Queríamos ser tantas coisas, mas sem ultrapassar Deus ou o nosso pai. Pai quem os tinha.
De repente ríamos a toa, nos apaixonavamos pelas morenas ou loiras.
Contavamos as estrelas, cultuavamos a lua, respeitando o sol.
Amavamos as prais, aventuras e o vôo dos pássaros.
Brincavamos com as nuvens.;
Adoravamos a chuva, as árvores e o futebol.
Cada um de nós em nossa miséria... Em nosso pedaço, com nossas tristezas e nossas frustrações éramos felizes.
Ouvíamos música,
Persseguíamos vaga-lume, frequentavamos as praças, andavamos de ônibus e líamos muitos livros contando ou interpretando-os ao vivo e a cores.
A personalidade, de todas as certezas era incerta, contudo o coração era valente.
Desse passado que a cada dia vai exaurindo, ainda resta eu e você.
Meu amigo, as coisas não mudaram, mas você insiste em ser diferente.
Na verdade, já não vamos mais à escola. São nossos filhos. Alías filhos de os quem deixou.
Marivaldo em Maio de 1987 se afogou e o Júnior em Dezembro de 1999, o carro atropelou.
São luzes de um Cruzeiro.
Só restou você no Sul desempregado e eu no Norte calado.
Um dia nos assentamos naquele palanque que o fogo queimou e nos vimos no futuro incerto,idosos a falarmos do que vivemos naquela infância, que ainda tinha crianças nas ruas de Belém. E agora, na distância lembramos do conjunto que fez das dificuldades um ato de amor. |