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Poesias-->CRIANÇAS DE DEUS -- 16/05/2000 - 14:43 (Antenor Ferreira Junior) |
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Na agonia da tarde, vislumbro toda a tristeza de uma cidade.
Há falta dos raios dourados do sol e sinto frio na alma.
Fico a tamborilar os dedos pela suja vidraça. Lá fora não há vida.
O que se move são autômatos, sem brilho, sem alma, sem cor.
Espaço acinzentado, com pontos a se movimentar a procura de abrigo.
A procura de lugar.
Colo os olhos na janela e fico a procurar a alegria,
Camuflada em meio à tanta solidão.
Crianças correndo de um lado a outro.
Seus folguedos são a fome e a miséria.
Brincam de morte e desespero.
Riem uma das outras, como se zombassem da angustia dos dias.
Amanhã será outro dia, mais um dia, talvez venha outra tarde,
E para elas talvez seja muito tarde.
Volto e me retraio e me recolho para mais uma noite.
Lá fora só o vento fino a abrigar os infantes.
Dos jornais de notícias frias só um calor pouco a lhes aquecer a pele.
No jardim das flores, um banco duro, é o leito.
Dormir para não se lembrar da fome, é o jeito.
E uma revolta a lhes encher o peito.
Olham as enigmáticas estrelas na noite fria da cidade grande.
Esperam silenciosas que o sono as levem.
Para os seus sonhos de crianças.
Sonhos com Branca de Neve e os Sete Anões.
Sonhos com Anjos e Fadas.
Sonhos de poder...
De poder acordar amanhã com um sol mais generoso.
De poder pensar em aliviar a dor da fome.
De poder ir para a escola e a conhecer dignidade.
De poder crescer sem injurias e humilhações.
De poder esquecer um pouco seus ombros pesados de problemas.
E vem de novo, o dia.
Hoje, com certeza, haverá mais e muitas brincadeiras.
Parece que estão mais felizes.
Parece até que Deus tratou de ouvir sua preces.
Ao menos o sol apareceu mais brilhante...
E vão alegres pelas ruas.
Desfilando seus trapos como bandeiras.
A colorir o frio cinza da metrópole
Meninos e meninas... pobres... meninos e meninas...
Crianças de Deus...
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