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Poesias-->TOALHAS DE RENDA -- 16/04/2002 - 00:45 (João Ferreira) |
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TOALHAS DE RENDA
Jan Muá
15 de abril de 2002
É um lindo tear, esse, onde teces
Bem acabadas toalhas de renda
Nos fios míticos
Que resguardam tuas secretas linguagens de amor!
É um lindo tear, esse, onde arriscas
O ofício de tecedeira
Que sabe fazer navegar o fio das palavras
No desenho que dispõe ao vivo
O painel do gosto!
É um lindo tear esse
Onde folheias as páginas da memória
Animada por palavras-linhas
Que decoram teu tecido
No sobressalto de tua solidão!
É um lindo tear esse
Quando cozinhas lembranças adormecidas
Nas orelhas verbais dos textos
Inscrustadas nas intenções enteceladas
Do teu existencial ofício de viver
Das ameias de teu castelo
Posso mirar as frestas labirínticas
Que iluminam teus dizeres
E assistir pela frincha ao jogo
Nominalista que praticas no tear da tua retórica em disposição
Assentado na mesa onde as bruxas
Lêm os filamentos letrados de teu verbo
Ouço a voz calada de um serzinho amigo
Me dizer que há torneios dialéticos programados
Nas sessões serótinas de diversão em teu castelo!
Meus mestres e meus aios me ensinam
Que a beleza retórica que carregas em teus membros
Está muito além do corpo, dos lábios e do coração
Há em tua volta devesas ermas sem pássaros
Sem cantos e sem amores
Onde o vento agreste retorce ramos e lança coriscos
Em impiedosa tempestade
Enquanto teu viver for essa travessia
Queimada na ardência da palavra
E teu passo for a dolorosa passagem pelo Liso do Sussuarão
Eu irei tecendo meus versos
No balanço do espaço da nave azul
Animado pela voz dos pássaros
Corro para que meus lábios encontrem beijos
Em raras e válidas palavras
E para que meus braços lacem as ternuras enleantes da vida
Com meus olhos se auto-convidando a refazer
Em luminosas e infinitas estrelas espalhadas
Pelos espaços infinitos
Todo aquele mundo que me dá intenso prazer de viver!
Jan Muá
15 de abril de 2002
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