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Poesias-->Daí eu vi sua obstinação -- 09/05/2000 - 22:08 (Fernando Carreiro Albuquerque) |
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Daí eu vi sua obstinação
No tempo que sobra, no recurso que falta,
resta-me espaço e vontade para sangrar azul
esta mensagem.
Morrer, esvair-se, entregar-se
na ponta do bisturí
Azul
e sentimental.
Fluir todo o amor como a lágrima
agora gigante onde se vê
por visão objetiva através e durante
borra-se o azul na folha branca com o sal
do olho triste.;
e de repente ondas, seixos e peixes,
dois seres anfíbios-aeronautas
mergulham nas nuvens e voam nas ondas.
A felicidade!
Não existe
(igual)?
Nossa vida: Mar de ações pontuado
por ilhas de prazer
vulcânicas, eruptivas, auto-destrutivas.
Meu barco permeia vertiginoso entre ilhas.;
azul-escuro, azul-celeste
conjunção carnal, espectral
no horizonte indefinido, definitivo,
sem começo mas com fim desconhecido,
Para lá verga a proa
taquicárdica, trêmula, ansiosa, rasgando
bancos de areia, corais, ondas colossais
envolto no descanso da neblina salgada
ao abrir-se o tempo vê-se novamente,
caprichosamente,
o sexo dos azuis
fulgurando
já com rajas vermelhas
sangue da castidade extinta do final do dia.;
o horizonte inalcançável sem enquadramento,
sem pressa
desfila tentando, conseguindo nossa loucura,
o inatingível não teme,
só o tangível precisa dos monstros, dos tormentos,
do terror para afastar os determinados,
para o horizonte sabidamente inalcançável,
a paz.
São tão violentos , enlouquecedores,
como a ferida no cotovelo que não se lambe,
e sabendo disto tranquilamente o infinito,
a perfeição nos perturba e move
inultimente à frente para o fio da lâmina fria,
disseca a alma da pele para o cerne, vazando o pus estéril
da insanidade,
enchendo oceanos tão mansos e diabólicos
como os amores que procuro.
Não se iluda pobre comensal que a refeição vem,
não se iluda que a fome não se vai:
ela simplesmente se abastece e volta retumbante,
pomposa e vitoriosa no jantar,
esfregando as paredes das vísceras ôcas ,
então elas sangram, corroem-se em seus ácidos,
suas enzimas e em breve o corpo se entrega
com a alma a reboque
aos destêrro miserável do desespero e da fome.
Dura e fria a crosta terrestre
de recheio magmático, mole, fervente,
das não razões do coração,
emulam meus sentimentos que aterrados pela razão,
decantam o juízo e me jogam no seu colo florido:
daí eu vi sua obstinação.
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