PÁSSARO FERIDO
O cântico que entoou,
Nos dias de sua vida,
Na minha, ele entrou,
Como canção mais ouvida.
Cantava só pra mim,
Tudo que queria escutar,
Como sinfonia de clarim,
Na emoção, deixei-me levar.
Na sonoridade do seu canto,
O meu ser se embriagava,
Horas, dias, não sei quanto,
Nesse estado, eu ficava.
O tempo que se escoou,
De forma, que não sei,
O seu canto, porém mudou,
Envolvida, não notei.
A alegria virou tristeza,
O seu canto emudeceu,
Acabou toda beleza,
Minha vida esmaeceu.
Se for para outra vida,
E eu, para aonde vou?
Se me deixa, esquecida,
Minha vida, acabou!
Ó pássaro que te prendi!
No meu jardim de amor,
Todo tempo, pressenti,
Que me causaria muita dor.
O meu erro foi te amar,
Não digo, que não mereceu,
Só que não pode me dar,
O que o meu coração te deu.
Você partiu em pedaços,
Um coração que muito amou,
Voou para outro espaço,
E em pedaços me deixou.
De tudo que me restou,
Um novo ser vai nascer,
Pois a força do amor,
Faz-me novamente viver.
João C. de Vasconcelos
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