Quero uma mulher de dois quartos, um vestido de mel, um rosto faceiro e mágico e reluzente, que tenha três sexos, sendo um sempre a disposição e frequentado por mim e pelo meu corpo.
Quero uma mulher vestal e amiga que tenha um quarto, dois travesseiros e um lençol de cetim, que tenha um sexo plausível e que possa até ser controvertido.
Quero uma mulher simples ao extremo e complexa até o fio de cabelo. que seja visionária, maleável, bruta, arrítmica, mas cândida nos pensamentos e nas carícias.Que me faça sonhar e rolar pelas nuvens.
Quero uma mulher de três sexos, sendo um amigável ao ponto de me enternecer, que use perfume de Odessa e um cordão de ouro que resplanda a luz de velas.
Quero uma mulher, um tanto assim mulher, sem cor importante, mas que seja pura como o nascente e agressiva como o valente guerreiro. Não quero as de meias-palavras, nem por inteiro, senão terei que dividí-las.
* Quero uma mulher romana ou medieval, por bem falar, servem as gregas e petruscas. E por bem dizer, qualquer uma que tenha o calor de uma noite texana e que nunca tenha conhecido o frio
de não ser.
* Quero uma mulher sem ocasos.Que seja rubra e fogosa que seja sempre verão e, ocasionalmente, amaine sua brisa em meu corpo.
Que tenha um quarto e uma cama, um lençol para amar e outro para dormir.Um grande cobertor colorido, quente e prumoso, que saiba esconder confidências.Que tenha um criado-mudo onde possa pousar suas jóias e seu diário, onde, certamente, falará de suas aventuras românticas.
E nesta data de 26 de abril de 2000, lavro esta, em nome do Manoel José, ferreiro de profissão e nascença. Que se faça publicar e que seja vista, sem tormento, por todo o povo e especialmente as mulheres.; que seja colocado em todos os postes de luz pública, bem abaixo das velas, para que se evite que seja queimado, ao rumorejar de qualquer vento mal-endereçado.
E que esta, ao mesmo tempo, faça despertar em todas as mulheres os princípios do amor,da paixão sem limites, e que nelas nasça o sentido de ser, amar e morrer, compreendendo que a vida só se agiganta quando o amor se encontra e penetra por galácias luminosas e desconhecidas.