Eu não deitarei meu pranto
sobre as ruínas empoeiradas das Torres Gêmeas,
nem sentarei desnorteado sobre os retorcidos
detritos do arrogante símbolo do poder do ouro,
aquele que ainda há pouco escancaravam ao mundo,
fartas da falsa certeza do eterno da ganância.
Para ser mais franco,
engolirei meus soluços, também,
frente ao silvo aterrador dos ostensivos mísseis
da inumana ira dos germanos de um tempo,
dos hunos de algum dia,
dos cruzados que ainda matam
pela intolerância da Fé,
desmantelando a vida,
amputando os sonhos,
desenraizando o futuro
que mesmo frágil desponta.
Eu chorarei as vidas:
as vidas daqueles que
no desastre despencaram.;
as vidas daqueles que nas explosões explodiram.
Eu chorarei , sim,
pela certeza dorida da incerteza da vida,
pelo espanto maluco da certeza da morte.
Eu chorarei, enfim,
pelo amanhã do mundo,
pelo amanhã que tenho,
pelo amanhã de todos,
uma vez que feito refém,
sem desacerto se diga,
pelo destino escolhido
pela soberba de alguns.
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