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| Poesias-->Abandono e Tempo -- 25/12/2001 - 15:50 (Claudia A. de Carvalho) |
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JÁ SÃO DUAS HORAS
FAZ TRÊS MINUTOS QUE OLHEI O RELÓGIO
SÃO DUAS HORAS E MEIA
CONTINUO OBSERVANDO O TEMPO
TENHO MEDO DO RELÓGIO PARAR
E SE ESCOAR TUDO QUE ESTÁ CONSTRUÍDO NESSE TIQUE-TAQUE
PELO RALO DO TEMPO
OS SONHOS ETC...
O TEMPO SE TORNA CAMBALEANTE PARA ME DAR SONO
JÁ NÃO OUÇO A RUA
O RELÓGIO ABSORVE MEUS SENTIDOS
MEDIADOR ENTRE MIM E A EXISTÊNCIA
HÁ ALGO DE SOBRENATURAL NESSE HIATO
CONTINUO OLHANDO O RELÓGIO
QUE TEIMA EM PINGAR OS MINUTOS VAGAROSAMENTE
GOTA A GOTA POSSO CONTÁ-LOS
CHEGO A VER O TEMPO SE MATERIALIZANDO
EM INÚMERAS FORMAS
JÁ NÃO VEJO
ESTOU EXTRA / FORMA
A BADALADA DE HORA ME DESPERTA
MEUS OLHOS SE BATEM COM A CORTINA ESVOAÇANTE
O SOL ESTA INDO EMBORA
E A SOMBRA PENETRA ENTRE OS MÓVEIS
FORMANDO DESENHOS INDECIFRÁVEIS
VOLTO OS OLHOS PARA O TIQUE-TAQUE :
TEMPO E SOMBRA SE ENCONTRAM
FAZ UM TEMPO INFINITO QUE DESLIZO ENTRE OS PONTEIROS
ESTOU TODA ESPALHADA / ALÉM DO TEMPO
A NOITE SE ESPALHOU TAMBÉM
SÓ ME RESTA O BARULHO CONTÍNUO DOS PONTEIROS
MINHAS PÁLPEBRAS CANSADAS SE ABANDONAM AO RELÓGIO
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