NADA SOBROU
Do sonho longamente sonhado,
do amor diariamente idealizado,
tudo se foi, sumiu, nada sobrou
quando você, se revelou,
detonando a expectativa
de amor desvinculado do ter
valorizando somente o ser.
Num rasgo de compreensão
apreendi com precisão
que andei a perseguir o irreal,
fruto do imaginário, do ideal.
A certeza de que havia encontrado,
o que tanto foi ambicionado,
evaporou-se como éter no ar
deixando a imensa certeza
de que essa extrema beleza
jamais irá se realizar.
A alma chora, sangra inconsolada
percebendo que as palavras eram nada,
a razão afirma que nunca o tive,
o coração teima em acreditar que o perdi.
Esta dicotomia traz um tormento que nunca vivi.
GCunha
07/12/2001
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