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Poesias-->café da manhã -- 12/11/2001 - 01:41 (maria da graça ferraz) |
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É manhã fria
Uma fina garoa
cobre as plantas
de fios brancos...
Alvura da clorofila-
fina mistura que
empresta à velhice
um pouco de paz
à esperança que ,
aos poucos, se esvai...
A boca do fogão
fuma a chaleira
como um cachimbo
de alumínio...Na
cozinha, uma cadeira.
A sombra senta no chão
O reflexo no vidro
Eu sem você,
estou no litro d água
a ferver devagarinho
Côo o cafézinho
O líquido escorre
grosso como furo
na veia do pescoço
À minha frente:
Xícara e píres -
como cálice e pátena-
Vermelhos lírios
do sacrifício de
tanto amar e ser
incompreendida!
Cumpro o rito
sem um único grito-
" Falar de boca cheia
é falta de educação"...
Não ponho lenha
às minhas fogueiras!
Ah, isto não!
Sorvo o café. Corto pão.
Jogo os restos na pia
Aliás, pia é sempre benta-
lava as misérias, as
porcarias, os miolos,
e matéria se escoa
em desatino nos ralos -
estranhos intestinos!
Uma barata aguarda o
refugo no escuro!
Ao menos, salvarei
a fome de uma criatura-
esta solidão não passará
em vão...Não, passará!
Como tudo nesta vida,
concluo perplexa...
Será que sou poeta
diante do meu trivial e
das verdades ínfimas?
Uma manhã fria
Tanta banalidade!
Uma folha em branco
Uma caneta preta
Meio luto...tanto desafeto!
Uma mulher lerda
Uma cicatriz. Uma ruga.
Mais um gole de café
Café com açúcar!
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