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Poesias-->Tétrica -- 28/10/2001 - 18:18 (Marise Borges Melero de Carvalho) |
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Rasga o lastro
A faca de negro lume
e fio tênue.
Enrosca a lasca
e fere o fundo lodo
de grossa nódoa.
Em vão o olho vesgo
procura o cume
e ajuda inócua.
Desanda em choro convulso
o mostrengo disforme.
Urra e geme,
em revolta,
a terrível criatura.
No estranho vale tétrico,
o torpe monturo entrega,
enfim, o resto de lucidez
e agora, ferido e em chagas,
jaz no breu profundo.
Definha a vida,
já quem sem chances dela,
o ser gélido se encontra.
Então, o limo rompe ao lado do infeliz
e a luz suave sobe,
aclara o pântano
e ilumina o monstro.
A voz fala ao ser repelente e abjeto,
que tem olhar de súplica torturante.
Do nada, então, ouve-se calma melodia
e do clarão partem raios
que calafetam as feridas,
e os bálsamos que envolvem a tez do amargurado.
Contemplando a doce imagem
sublinhada de matizes luzidios,
aquele resto humano
implora por fim
que o livrem de seus algozes.
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