AUTO-RETRATO
I
Nome: João Batista.
Só poderia ser este.
Promessa para o Santo.
Sobrenome: Brito Cardoso de Pádua.
Altura: mediana, 1,75 cm.
Largura: cada vez maior
Sapato:41. Esconde o que há
de mais bonito em mim.
Sou da pequena Birigüi.
Embora tenha estado lá
uma única vez, gostaria de nela
ter vivido e de lá jamais ter saído.
Nasci em 1959 no dia internacional
da ressaca, 2 de janeiro, e é por isto,
que ao primeiro gole, costumo ficar de porre.
II
Minha infância pobre teve início
em Araçatuba e se findou no Paraíso,
a cidade dos Ipês das Minas Gerais,
de onde guardo boas lembranças...
Dos tempos de juventude,
das namoradinhas e das serestas
nas longas e frias madrugadas.
O destino para longe dali
logo me levou, fazendo-me,
da noite para o dia,
meio órfão de pai e mãe.
Na vida precoce de adulto,
muita dificuldade enfrentei,
Desistir algumas vezes pensei,
mas nunca naufraguei.
III
Tudo para mim sempre
aconteceu muito cedo.
Levantar cedo é coisa
que não me apetece,
dormir também não.
Para a escrita despertei-me
um pouco tarde. Do tempo
que ainda me resta,
tentarei fazer o melhor.
Casei-me cedo. Também cedo
fui pai por duas vezes e logo pensei,
que não mais o seria novamente.
Mas, as pedras rolaram...
Da terceira vez achei também
que foi cedo e, confesso,
foi uma grande surpresa
ser pai outra vez.
De repente estou aqui
perplexo a caminho
da quarta vez e tudo
parece que aconteceu ontem.
IV
Acho sempre que não vou ter tempo.
O tempo que preciso e talvez por isto,
vivo sempre com pressa... de olho no tempo,
como determina meu planeta regente Saturno.
Amei muitas mulheres,
mas nem todas sabem disto.
Duas delas amo em especial:
Bianca e Luíza.
Esta última ainda não
conheço está por nascer.
Em breve, eu a terei nos braços
quando ao mundo vier.
Dizem que sou poeta,
mas só faço versinhos de amor,
quando baixa a inspiração.
Sou intimista e sentimental demais.
V
Detesto mulheres mal arrumadas,
fome, homens presunçosos, dor,
criança chorando, escândalos...
Críticas? Bastam-me as minhas.
Sempre me achei mediano.
Mediano em quase tudo.
Sempre estive buscando o fiel
da balança. Ah! Que utopia!
Sou um idealista.
Humanista por convicção.
Simples por natureza.
Perseverante por vocação.
Nunca fui muito ousado
muito menos abusado,
As mulheres muito admiro,
respeito e idolatro.
VI
Gosto de viagens, peixes, mar,
liberdade, muita liberdade.
Amigos? Poucos, muito poucos,
meus filhos em particular.
Me acho um mau marido.
Porém, como amigo, nem tanto.
Na cozinha só lavo pratos.
Na sala me queixo do jantar.
Sou diplomata por vocação,
teria sido um bom advogado.
Administro muito bem,
mas só o que é dos outros.
Meu lema é a confiança.
Viver é meu maior desejo.
Minha força é a esperança.
Amar sempre... é tudo que almejo.
***
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