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Poesias-->CARTA AO MEU VIZINHO CHINÊS. -- 02/04/2000 - 03:17 (Luís Sérgio Santos) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


CARTA AO MEU VIZINHO CHINÊS



Deve ser gêmea, senão a mesma,

é a de ontem, é igual e se disfarça

numa metade escurecida

a lua

que neste momento ronda

como eterna sentinela

a trazer fosca iluminação

sobre a caixa de fósforos,

sobre os palitos

que conhecerão em chamas - um sol.



(Existe o inverso sentido,

o sol iluminando a lua,

e a lua iluminando os pedaços do sol

guardados nos fósfors).



Deve ser sem dúvida a mesma,

a lua que amanhã olhará

um desconhecido

que neste momento mora na China

e faz uma vigília qualquer

sobre o arroz.

(Temos a mesma lua,

somos cúmplices destas iluminações).



Já chega a ser mais do que gêmea,

é exatamente a mesma,

quero simplificar

a lua que volta

amadurecida,

e não estou mais só apenas

olhando a lua,

e seria como se ela me olhasse

e de outras existências

ela, a lua, me permitisse conhecimentos.



Assim sendo

ó desconhecido chinês

não sei o teu exato tráfego

entre esta lua,

e há uma grave denúncia

uma sonora, uma metamorfoseada denúncia

quando a lua

vem nos dizer que apenas passa

sempre por uma frágil rua

que chamam mundo,

uma única rua descalça

que é a mesma

que existe na Grande Muralha,

que é a mesma

por onde o carteiro

chega a minha porta.

A lua nos faz um só acontecimento.



Assim sendo,

ó já visto chinês,

peço que também

coloques a tua mão sobre a nossa lua.



Tenho olhado esta lua,

venho pensando nos grãos de arroz,

e no instante em que morreu

a tua última imperatriz

de pequenos pés.



Tenho pensado numa embarcação

cheia de muitos

muitos

antepassados olhando a lua enquanto era uma noite,

uma espessa noite,

até que todos eles reunidos

pudessem vir me trazer apenas dois olhos

para olhar esta lua.



Tenho visto tuas porcelanas,

tenho visto algo do azul

desbotando

e sendo devorado por dragões.



Sei

deves gostar de pingue-pongue

e o mar, o mar

é uma grande mesa quando sobre as águas

passa a lua,uma bolinha

sobre as águas

e que vai

e volta,

e que vai

e volta.

Estamos assim dentro de um jogo.



Por fim já vizinho,

conhecidíssimo

e amigo chinês

- o jogo é muito antigo.



Olhes a tua lua,

olhes a minha lua,

jogues para cá,

jogarei daqui a tua lua.



Fico pensando em milenares dragões

que querem devorar

o mar,

o arroz,

e a nossa única lua.















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