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| Poesias-->Vela Prá Consumir -- 26/08/2001 - 08:35 (José Ernesto Kappel) |
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Tenho paredes,
e salas
tenho portas
e janelas.
Mas não tenho casa.
Tenho a mim - e já basta -
mas sinto me perder,
na imensidão que me
descobri:um campo aberto
de flores silvestres,
uma paisagem de cor,
uma montanha
e um sol.
Me sinto a perder,
o sentimento se esvai,
escorre como água
de chuva.
Pouco a pouco vai sumindo
e vou junto.
Junto para os pares
da vida:
aqueles que juntam pedras
e nunca constóem nada.
Fui um deles.
Obreiro do nada.
Cheio de encantos
e guerreiro de duas pontas.
Hoje sou corrente passada,
água feita para escorrer,
riacho que não tem fim,
rio sem saída.
Tenho um par de botas,
um clarim,
um jaz inacabado,
e uma mulher,
que se leva milhas
prá chegar até ela!
É tão distante
como daqui ao infinito.
Mas o infinito não tem portas,
só sobras!
Mas que culpa tenho
se há amores
e poucos amores
e amores nenhum?
Foi em amores nenhum
que tentei construir minha casa.
Bem frágil!
Igual a bambu quebradiço,
igual a colmo rosado de perdas!
Leve escumadeira,
espátula para cimento,
para levar o barro
que assola meu espírito!
Carma!
Perco, alvo,
pela esperança.
Sou miragem entre
dois espelhos
e uma vela de cera
prá me consumir
no dia certo.
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