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Poesias-->amor-cego -- 01/07/2001 - 15:44 (maria da graça ferraz) |
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Estou suspensa e invertida
no forro de teu telhado.
Negra e encolhida,
quase desapercebida.
Estou travestida
como sereia escura,
totalmente nua,
fetal posição em
noite de gala,
não desperto atenção.
Meus dedos longos e finos
sobre meu corpo, fechados,
escondem o púdico ventre
de fêmea insaciada,
a brincar em seu trapézio.
Estou no cinéreo telhado,
tens medo de ser contaminado?
Preferes minha captura
com tuas mãos delicadas,
ou vais me esmagar
sem pressa com suave tortura?
Tens medo...Pressinto.
Em minha toca,escondida.
Peluda e áspera, olhos cegos
cabeça de rato, canino afiado.
Tens medo de atacá-lo
em seu sombrio quarto?
Sim, fui recortada
de um pedaço da escuridão
por um pequeno diabo.
Sou esta alucinação
a brincar com seu lado fóbico.
Sou quiróptera.
Mamífera.
Hematófaga.
Para que este pavor?
Eu também sou o amor.
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