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Tempo de Travessia
A vida é uma escola
que se leva na sacola
Mas cuidado!
Não deixe o fardo ficar
muito pesado
Não aceite tudo como pecado
Sente, espalhe à sua volta o que
estava na sacola e comece
a jogar fora
A vida que lhe foi dada é a
primeira coisa que deve ser jogada
Nem era bem vida,
era um quase nada
Guarde só o que de bem ela tem
Suas derrotas eram escadas por
onde pensou que dava para subir,
Os degraus eram de vidro e se
quebraram, os cacos cortaram
a carne, rasgaram o coração
Não fique aí a chorar feito criança
Como gente grande, jogue fora
Deixe que vão embora
Jogue fora arrependimentos, culpas,
lamentos
Quer ver como não são nada?
Se fosse agora, faria aquilo?
Claro que não!
Agora você está sob o
Domínio de outra razão
Então não há expiação?
Pergunte ao outro " eu" porque morreu
Ou então por que tanta demora para ir embora?
Fernando Pessoa estava certo:
Somos muitos “ Eus” cada um erra e acerta,
mas foi aquele outro “ Eu”, não eu!
Jogue fora falsos amigos
Deixe só os que vieram para somar
são bem poucos, não vão pesar
Ai! Quanta ilusão, só tranqueira a aumentar
a canseira
Aprenda a não usar os outros como bengala
Seja forte!
Se a sacola ficar leve, logo, logo
vai chegar ao topo do seu Monte Horeb
Jogue fora ódio, raiva rancor, desamor e o
que mais preciso for
Seja Deus em ação,
pratique aceitação
Eles são como são
Jogue fora o tempo desperdiçado,
as marcas do passado
Era tempo de travessia
Acorda! Já é dia
Agora jogue também a sacola fora
Troque-a por outra de cores serenas,
de seda pura
Agora não sou mais “ Eu”
Já sou outra criatura.
Lita Moniz
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