TONTURA
Paro em você
como se isso fosse permitido.
Como se de alguma maneira
você tivesse aberto a porta
e me deixasse simplesmente
entrar.
Mas meu atrevimento
quer a coisa verdadeira.
E se é proibido ficar contigo
o muro de absurda presença
ri de mim
sem abraço.
Porque vou apenas olhar
o muro gigantesco de água
como se um dia
se desfizesse.
Como se eu pudesse
poder.
Já expliquei ao coração
que ele pode sentir infinito
e te querer para sempre.
Que pode se perder
em suas câmaras
rítmicas de fome.
Então ele tece umas redes
que não entende minha mente
e manda como um deus
desde o peito sempre...
E eu ando tonta e feliz
apenas por acreditar-lhe.
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