CADA CÉU EM SEU TEMPO
Quando eu era criança, brincar era o que importava.
Dormia e acordava para brincar.
Nada melhor que ter todo o tempo do mundo para usá-lo como quiser
Tudo era motivo para uma folia.
Não havia nenhum compromisso, parecido com os dos adultos.
Tinha a escola, mas mesmo assim uma parte do tempo também era usada para brincar.
Portanto meu mundo era essa invejável
forma de gastar o tempo: brincar, comer e dormir (e estudar!)
Engraçado que o tempo, quando se é criança, é
a gente quem o gasta, sem controle (a não ser o dos pais). A gente esbanja sem ter medo de acabar.
Ao contrário das demais fases da vida, onde tudo é mais limitado, e a gente tenta ter um controle maior do uso do tempo. Os dias vão se passando e com isso, agora percebemos que é o tempo quem vai nos consumindo, e que ele não pode ser mais usado de qualquer jeito, que é finito, e pode inclusive ser abreviado, fora do nosso controle.
Eu ainda lembro que naquela fase, quando se começava a falar sobre o futuro, até isso era divertido, sonhávamos com um mundo sem maldade, sem sofrimento, sem inflação, sem desemprego, enfim, sem essas manias e defeitos que vamos adquirindo durante nosso desenvolvimento. Parece até um paradoxo isso....
Havia para mim, vários céus. Era como se cada cidade tivesse seu teto que era o seu céu. Não era aquele outro Céu que minha mãe falava, os adultos em geral também falavam, e que algumas vezes era mais agradável ouvir; outras tinham uma série de porquês, de dificuldades, de exigências, etc.
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