PENSAMENTOS NOTURNOS
RF
É madrugada!
A noite, abraçada pelo tempo,
é acalentada silenciosamente.
Dali da praia ventos uivantes
murmuram sons calmantes.
Meu pensamento, ciente da hora,
caminha na ponta dos pés
para não despertar, perdidos na noite,
os fantasmas insones.
Ainda é outono e
os dias têm sido ensolarados
e bonitos, quase sem nuvens
a maior parte do tempo.
Em momentos como esse,
enquanto se dorme e sonha,
aproveito o silêncio para colocar
em ordem alguns pensamentos.
Assusta-me a situação que vive o povo.
A realidade é inflexível com o cidadão comum.
O homem simples, quase um escravo,
carrega o peso da nação nas costas.
O sacrifício que lhe compete é
imposto como sofrimento;
chega a ser desumano, às vezes.
O direito à educação, à saúde e à segurança;
conhecemos o abismo entre o prometido
e o praticado. E o salário-mínimo, hein!
O povo é apenas número, estatística,
sujeitos a manipulação.
E se precisar reclamar algo à justiça,
será tratado desigualmente também.
Seria a vida injusta mesmo
ou é a gente que a compreende assim?
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