| A  ALMA ENCARCERADA Jan Muá   De distinta estirpe herdou régios aposentos para que sua clausura fosse mais suave   o carcereiro sabe desse segredo e paga qualquer preço  para deixá-la feliz no tumulto  dos desejos do corpo  que convivem com ela   em sua rudeza  o vilão carcereiro não entende de voos espirituais   E a castelã  para não ser asfixiada  no escuro cárcere  resolve aceitar ajuda do divino   Do lado de fora  a plebe nunca saberá  quando ela ordena ou quando cede aos argumentos do carcereiro   Torna-se uma luta permanente esse clima existencial da encruzilhada  que marca o caminhar dos humanos dependente da perturbadora união  entre a distinta detenta e o carcereiro.   Jan Muá 3 de novembro de 2020     |