| A BUNDA MODIFICADA Renato Ferraz   No mundo moderno, a aparência aflora E a bunda não poderia ficar de fora No tempo de Drummond era apenas engraçada Diferente de hoje, que é muito sofisticada.   No princípio foram criadas duas bandas Elas se uniram e formaram a primeira bunda Abaixo do céu foi abençoadas essa união Porém uma banda é direita, a outra não   A bunda de Drummond é a engraçada Já a minha é a bunda modificada. Publiquei no meu livro a primeira versão Depois dessa, creio que outras virão.    Uma bunda alegre sorri e rebola à toa. Ela triste, seu comportamento destoa A bunda é vaidosa e exige atenção Onde passar com elegância, todos a olharão.   Bunda que se preza, tem personalidade Quando fizer elogios, use da sinceridade Quem olha pra bunda não quer ver cara     Também observe se ela não tem fisionomia Pode até não ser aquela que você queria Dizem que a bunda tem a cara da gente Ou é a gente que tem cara de bunda e nem sente?   Bunda direita não aceita galanteios Se quer elogiá-la, use de outros meios Bunda boa faz boa pose até para se sentar E quando se levanta, observe, ela irá desfilar   Quase toda bunda gosta de dançar Há as que gostam de pagode, outras adoram sambar Tem umas mais soltas que dançam bem Outras, coitadas, insistem mas nem ritmo tem.   Assim como gosta de desfilar e de atenção. Há momentos que a bunda quer discrição Uma bunda não aceita olhar dividido Quem já agiu assim, sinta-se arrependido   Bunda é como gente, gosta de ser mimada. Quer se aproximar, então faça o que lhe agrada  Puxa-saco de bunda, se vier a ser chamado É inveja, fique tranquilo, ela ficará do seu lado.   Quer conhecer uma bunda bem Vá à praia, você verá, só é o que tem Ainda assim, é pouca, mas há discriminação As classes sociais em geral as separarão.   Que bom que suas bandas vivem em harmonia Se brigassem, para separá-las, como seria? Há quem diga que ela deveria ser na frente Como seria dançar bunda com bunda, realmente?         |