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                                   PoesiaSim, sou poeta, faço poesia
 Podia escrever romances, podia
 Mas escolhi poesia porque é um
 Jeito condensado de falar
 
 A poesia vai de avião
 O romance viaja na carroceria do
 Caminhão.  O mundo há de perceber
 Que  poesia é o melhor jeito de escrever
 
 De dizer o que é e o que pode vir a ser
 Na poesia cabe tudo até a verdade
 O poeta pode até dizer que Cristo o
 Veio ver
 
 Pode-O  pintar do seu jeito
 E até se for verdade, apresentá-Lo ao
 mundo tal qual a realidade
 Um poeta é uma igreja
 
 Que não quer  igreijar  ninguém
 Quer leitores, não seguidores
 Leitores que já saibam ler
 Ou dispostos a aprender
 
 É avesso ao rebanho
 Corre pouco atrás do ganho
 Se vier é consequência
 Não é condição primeira
 
 Quando escreve até parece que
 Alguma coisa desce querendo também
 Dizer o que é preciso saber
 Pega carona na caneta, molda a letra
 
 E o coitado do poeta, porque está todo
 Empolgado, escreve o que é seu e o que
 Vem do outro lado
 Depois publica e assina
 
 Essa é a sua sina
 É julgado cá e lá
 Cá porque publicou
 Lá porque o que publicou não bastou
 
 Publicou só  metade do que sabe
 Assim a poesia corre por um leito que
 Nunca morre
 Não seca porque não pode secar
 
 Há muito por publicar
 Há muita coisa para dizer
 Muitos recados para dar
 Muita coisa para contar
 
 
 Lita Moniz
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