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Poesias-->O GRANDE SONHO -- 03/09/2023 - 21:01 (Renato Souza Ferraz) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

 

O GRANDE SONHO

Renato Ferraz

 

Quem morre não volta para contar

o que se passa do lado de lá

Meu amigo havia sonhado que adoeceu,

logo em seguida morreu.

Apareceu em um parque, repleto de jardins,

com um grande lago e muitos animais.  

As pessoas falavam bem baixinho.

Umas se encontravam deitadas, lendo.

Algumas cantando e tocando ou conversando.

Logo que chegou ao local viu fisionomias conhecidas.

A primeira foi José Saramago, que caminhava lentamente,

carrancudo, com um livro nas mãos.

Alguém perguntou:

Saramago, muitos aqui já leram seu livro

O EVANGELHO SEGUNDO JESUS CRISTO?

Saramago respondeu que sim!

Virou-se e começou a escrever.

Perguntaram de novo: e ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA,

o que acharam? Saramago apenas fez um ar de riso

e acenou em forma de despedida.

Quem estava sentado sobre uma pedra e

rodeado por outras, era Carlos Drumond de Andrade.

Aliás, só havia pedra no local, mas no meio das pedras tinha um caminho

Creia quem quiser, Drummond estava sorridente,

eloquente e com ar de felicidade.

O meu amigo ouviu Drummond falar bem baixinho,

“no meio do caminho, entre o céu e a terra, há uma vida a ser vivida.

Há uma vida a ser vivida, no meio do caminho, entre o céu e a terra. Há uma vida a ser vivida!

Quem vinha logo em seguida era Fernando Pessoa,

que passou apressado. Depois reapareceu e começou a ler o poema “CONTRADIÇÃO”:

“Às vezes não me reconheço...não sou ninguém, sou pecador,

sou triste sim; sei que o sou. Apesar disso tenho um coração que fala de amor. Aliás coração não fala.

Quando digo que o meu fala, considero-o ser gente. Mas ele não é gente. Ele apenas bate.

Eu que quis dizer que ele falava ao invés de bater. Esse que é assim, sou eu. E quem de vós não tem um pouco de mim?   

 Um pouco à frente Pablo Neruda ouvia música bem baixinho e recitava um poema para Matilde:

Ó, minha amada, te amo porque és a razão da minha crença no amor. E assim sigo te amando.

Não fosse assim, o amor não existiria para mim.

Havia um pequeno grupo mais distante, ao lado de um senhor de cabelos brancos, com aparência de boêmio, voz suave e bem simpático. Este tocava violão e cantava:

Com uma roupa simples de muda

E um dia para o descanso

Uma rede bem que ajuda

A olhar o céu que não me canso

 

Era Vinícius de Morais repassando a sua nova composição...

 

 

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