O POETA E O SEU CÃO
Renato Ferraz
O Poeta tinha um hábito
de escrever seus poemas,
lendo em voz alta e ouvindo música.
Seu cão ali presente sempre o ouvia atentamente.
Em alguns momentos se empolgava
e dirigia-se para o companheiro como se fosse alguém
Ele descrevia que sua emoção era semelhante
a de quem bate um pênalti, por isso
convidava o amigo a comemorar o gol.
já havia suspeitado que o cão interagia
e que além de prestar bastante atenção,
respondia às suas incitações.
Resolveu provocar-lhe e confirmou.
Certa vez iniciou um poema e ficou atento:
"---Ó coração, por que não me compreende, se é
o mesmo sangue nos faz estar vivos"
Olhando para o cão, encarava-o e continuava:
"---Ó querido cão, quanta alegria vê-lo participar
da minha poesia! Sou grato por tê-lo em minha vida”.
O cãozinho retribuiu-lhe o carinho.
Olhou-o, piscou e deixou cair uma lágrima
Em seguida resmungou algo.
O poeta traduziu a resposta:
" É, a poesia realmente dá mais sentido à vida,
inclusive a minha".
Já havia se acostumado com a reação dos que o ouviam
Quando ia contar para alguém desdenhavam dele.
Antes ficava aborrecido com o descaso,
mas agora até se diverte e sorri também.
05/05/2023
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