OS PÁSSAROS E A POESIA
Renato Ferraz
Quando eu assisto os pássaros
derramarem a sua voz livremente
nos ouvidos da natureza,
e que chegam até os nossos também,
aquele canto com entusiasmo,
faz reverência à liberdade.
Ali eu enxergo a essência da poesia.
A sua melodia contagia e me
dá a sensação de estar ouvindo
um belíssimo poema.
Vejo que alguns mais vaidosos
dançam quando cantam.
Outros que são mais tímidos,
apenas cantam quietos e compenetrados.
Sempre que os ouço, é inevitável
a comparação com um encontro poético.
Há algo que me desperta a curiosidade,
embora às vezes aparentem cantar
solitários ou apenas para si,
é certo que assim como os poetas
eles gostam de ser ouvidos.
Oferecem sua melodia, mantida a distância,
porque querem ser vistos.
A origem da sua poesia vem da intimidade
que têm com a natureza.
Pássaros e poetas voam juntos
pelo espaço da imaginação.
Os dois usam como pólen o sentimento
e reproduzem emoção.
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