QUANDO O SERTÃO APRENDER A LER Renato Ferraz Escurece no sertão nordestino O relâmpago rasga o céu seguindo o seu destino O trovão estronda para a sua força mostrar É a época de revolver a terra e de se plantar Algumas gotas de chuva caem preguiçosamente Enquanto o sertanejo ora desesperadamente Há dúvida se será mais um ano de estiagem E de sofrimento pela ausência de pastagem. Qualquer promessa cabe dentro de sua crença Amiúde tem sido assim, a seca não há quem vença. Aproxima-se a época para que o plantio se faça O povo humilde faz suas orações e teme a desgraça E deposita em São José sua devoção Para não ter mais um ano de decepção Mais uma vez crê que Deus não lhes faltará E muita chuva esse ano enviará O povo quer e precisa trabalhar Mas essa situação de penúria parece se perpetuar O sertão poderia ser uma solução Se os políticos não usassem da má intenção Enquanto o homem do campo for privado do saber E dessas políticas demagógicas depender O sertão nordestino terá essa realidade cruel E o ignorante ficará na dependência do céu