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 | Poesias-->AQUI SE MORRE DE CÂNCER -- 18/07/2018 - 00:46 (PAULO FONTENELLE DE ARAUJO) |  |  |  |  |  |
 | Aqui se morre de câncer, 
 até as velinhas de aniversários caem
 
 com o cancro do pavio.
 
 mas, se repararmos,
 
 nem tudo é furo e tumor.
 
 Ostras não têm câncer;
 
 labirintos perderam o inchaço
 
 e cristais de gelo formam o hexagonal
 
 não o furúnculo.
 
 E se reparamos melhor:
 
 zigotos estão além dos abscessos
 
 assim como a língua dos tamanduás,
 
 não perdem tempo
 
 para os carcinomas,
 
 (eles não se espalham pelo mundo como formigas).
 
 E os ciclopes,  principalmente eles,
 
 - vivos em histórias infantis -
 
 perderam um olho,
 
 mas não viram qualquer ulceração
 
 na retina que sobrou.
 
 As crianças riem.
 
 
 
 Aqui se morre de câncer,
 
 mas nem tudo é furo e tumor.
 
 Uma bola de gude
 
 que antes de um caroço se chama também
 
 pirosca, bugalho, boleba, bolega e carolo,
 
 bate no calombo
 
 e dali não sai sequer um eco.
 
 O tumor não brinca,
 
 nem chega ao círculo do jogo.
 
 Para que se preocupar?
 
 
 
 Aqui se morre de câncer,
 
 mas há  tantas variantes para o consolo, amigo.
 
 O doente mesmo pode comer antes
 
 abóboras
 
 frutos das aboboeiras.
 
 São quase edemas,
 
 mas se mantém no limite do bago.
 
 
 
 Do livro:" A criança, substantivo sobrecomum"
 
 phcfontenelle@gmail.com
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