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Poesias-->Maria José de Antão -- 21/03/2000 - 16:15 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vi de saída

quem pouco via



meio ano de século.



Estava de cachemira rosa,

-e abatida e dispersa -



Por pouco mais de

meio ano em vi!

- e eram cinco minutos -



Ela vestia-se de velha,

Corpo pendido,

costas arqueadas,

mãos de avelãs.



Mas senti,

na amplidão

daquele encontro sem nome,

que ela existiu.



Pedi perdão a todos,

Não rezei,

porque não sei,

mal o sinal da cruz

me foi pedido.



Olhei pra ela

Ela me olhou.



Sentimos os dois

que 50 anos de verdade

haviam passado.



Isso é verdade !



Mas lá no fundo

daquele corpo

como um poço iluminado,

eu ainda me achava,

e ela também.



Aqueles santos

imóveis pareciam

se deliciar com isso!



Afinal, pra que servem

amores eternos?



E por isso,

num catinho,

sem estrelas,

perto da sacristia,

eu chorei

e me dobrei como uma coluna

imensa.



Lá estava ela,

lá estava eu.



Duas abóbodas de luzes

Sem mais a quem tocar,

Sem a ternura de dias

Sem beijos e abraços

Sem pejorativos,

protocolos e

adeus.



E na minha vida,

Como um santo,

que descobre sua vocação,

me vi diante do tempo:

de um lado ela,

de olhos ternos,

de outros, a eternidade

de cinco minutos.



E pra dizer agora

que um dia

num século desses,



Ela foi Maria José

e eu José Maria.



Mas vi, de saída,

quem nunca mais pensava em ver.



Credo cruz!



Nesta velhice de burrice,

Acontece tanta travessura

que o coração bate mais largo

e a gente acaba acreditando

que em nada,

nada mesmo,

há uma curva

ou uma volta de tempo.



Prá frente,

aroila de meia-idade!



Seu tempo já acabou!



E Maria José se foi,

E José Maria te tocou !

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