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Poesias-->O Malaquês e Manuela -- 21/03/2000 - 16:01 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Agora que a tarde

se bruma e, em tédio,

escorrega pelas mãos

como pêssego lavado,

pergunto ao próximo

que não me escuta,

pergunto nas esquinas

onde não estou,

pra onde foram

o pajém,o cordão de ouro,

a caixa de música

e os rascunhos de

boa memória.



Dizem,foi com

o dono embora,

levando minha idade,

quem morreu ontem por lá,

o dono da carrugagem

e a boa linhaça da juventude.



Sei que o vôo é curto

e de ouro não é.



Sei que já não há mais

manhãs para entrar,

nem noites para percorrer.





Me deixaram no córrego

como uma cortina em trapo.;

deixaram uma foto sem dono

ela no centro fogosa,

ele do lado

parecendo meio-bordel.



E carreguei quatro vidas

Uma delas foi a outra

que nasceu curta,

cheirando jasmim

e barganhando bonecas.



Mas dela também me tiraram

e nem perguntei porquê.



Cem anos se foram e eu roçando

a sombra

como um pardal cansadiço

e loquaz em seu canto.



Pela porta do tempo

tudo corre solto

uns pedem para entrar

outros se vão sem saber.



O dono levou-a embora

de charrete e de meia-idade,

foi ajudado a viver

pelo mordono de bons dotes.



Hoje se quiserem lá me encontrar,

tragam bastante vela

e um pouco de vinho forte.



Lá estou eu,

igual à meia-noite

procurando a vida

que se foi de charrete.



Mas estou lá,

igual a um rei de horas curtas.



Digo que espero e espero.



Pois desta vez me fizeram um rei,

sem dueto e princesas,

Mas espero a outra vida me chamar

e dizer:

- Aquela sombra,

vai lá!

Mata o sonho e

acorda quem te fez noite.



Não morre mais sem bandeira,

sem troco e sem vintém.



Acorda agora e vai

para outros cem anos

de nova vida.



E diga: Manuela,

pára o roçado!

Chegou seu dono,

mil e duzentos

anos e anos,

muito depois!



Acorda,

Chegou o malaquês

perguntando por Manuela!

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