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Poesias-->Maria do Encanto -- 21/03/2000 - 15:57 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Se me fosse dado agora a pedir

Já longe e esquecido,

Pediria de bom grado e apetite,

Um tempo qualquer em

Mil novecentos e tanto.



Se me fosse dado a pedir

Chamaria por Maria do Encanto.

Mas qual!

Não mais de asilo vivem elas.



Se me fosse dado a pedir:

Volto para mil novecentos

E tanto.E Pronto!



Ela, pêssega, como uma

Guerreira indomável.; eu frontal

Como uma árvore meio bêbado,

Meio trôpego.



Os dois de meia bandeira.

Mas lá se vão mais de cem.

Mais de cem anos.

Cem dores,

Cem homens!





Já sou sombra do vestido

Dela, e só bebo vinho

Em taça branda, enquanto

Ela veste azul e branco

Como a melhor das rainhas.



Na sombra, cintila com um cordão

De ouro

Um cetro de marfim

Rodeando a cabeça branda.



Mas, isso, já sem dono,

Bateu por lá,

Nas bandas de mil e

Novecentos.



Ela nasceu no berço torto,

Num casarão sem dono.



Eu aprendi a ser pedra coral

Porque raros faziam de

Mim a sua fome.



Ah! Devoradores de amor!

Danço de macabro,

Enquanto corro

Pra roda que balança.



E corro.

Há cem anos, corro.



Já sou coiote manco e

Homem sem dono.



Meu bonde se aprumou

E de longe bandeou.;

Meu caubói das sextas-feiras

Pendurou o coldre e como

A pólvora, se tornou seco.



Não me fazem mais colo

Porque dóem as costelas

De toda alma de tribo.



São cem tribos,

Cem homens

E uma mulher,

cortada por crianças.





E lá vou eu, de

Boa linhaça, rude

E grande estátua viva,

Levar um pouco

De flores

Para aquela de boa linhaça,

Mas que agora, aléu!Portas

Não abrem mais,

Virou estátua de bocejo.



Mas lá vou eu

Levar um pouco de

Flores,

Meio escondido,

Meio valentão,



Ser luz de coiote

Para lá de armadura

Que dorme preguiçosa

Num belo e vasto caixão

De cedro.-Madeira pura

trabalhada por hábeis

e mágicos homens,

que se postam à esquerda

de quem entra pela direita.



Acendo uma vela e dou bom-dia.

Meu caubói morreu.

Sessão das três virou seis.

E bato e bato

Na porta do tempo

De mil nocentos e tanto

Que já não abre mais.



Mas qual! Paciência de santo,

Me levam pro quarto do lobo

E dizem: dorme, dorme velho

Você não é mais violino

E nem chega à seda.



Dança, mas

Dorme!

Sonha!

Mas vê se também dá

um jeito e

também morre!



De madeira velha

Aquele céu

está cheio.



Dança,

mas vê se morre.



Mil novecentos e

tanto

morreu na

esquina de

traz-ontem-ontem!

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