Usina de Letras
Usina de Letras
25 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 63698 )
Cartas ( 21374)
Contos (13318)
Cordel (10371)
Crônicas (22595)
Discursos (3253)
Ensaios - (10821)
Erótico (13604)
Frases (52149)
Humor (20225)
Infantil (5679)
Infanto Juvenil (5038)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1388)
Poesias (141140)
Redação (3385)
Roteiro de Filme ou Novela (1065)
Teses / Monologos (2446)
Textos Jurídicos (1981)
Textos Religiosos/Sermões (6424)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Poesias-->Vinte Muros,Vinte Paredes -- 21/03/2000 - 15:00 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Vinte Muros, Vinte Paredes

by José Ernesto Kappel - 1998



Sou da Córsega,

Mas não sou de vinho,

Sou belga e cosmopolita

Mas não sou companhia

Nem de sussuros,

Nem de composturas.



Sou dono de

Vinte Muros

E Vinte Paredes,

Não sou de vidro

Nem de carmim.

Mas sou dono

de Vinte Muros

e Vinte Paredes.





Meus amigos caminham ao largo,

Meus inimigos se juntam a mim

E, escudados de lanças,

Atiram flechas e estiletes

Contra

Meus Vinte Muros

E Vinte Paredes.

Guerra de vãos!



Guerreiro de bons dotes,

Sábio,mas lépido,

Me escondo

Entre eles,

Os Vinte Muros

E Vinte Paredes



Não há um que passe,

Dois tentaram e

Pararam no décimo.

O primeiro morreu no

Terceiro Muro

E o segundo se esfarelou

Quando encontrou a

A quarta parede.



Gente de glória,

Reis e rainhas.

Já que tentaram:



Mandaram guerreiros

E tropas bem-vestidas

Mas esbarraram em

Meus muros

E deslancharam nos

Muros pintados de cera

Branca e coberto por

Fuligem bem-passada.



Do céu vieram tochas

E, íngremes, cairam por

Perto.

Da terra vieram choques,

Tropas imensas de

Guerreiros.



Mas, pobres!

Meus Vinte Muros

E Vinte Paredes

Os enchotaram

Como bem o

Fazem com os cães.



Do lado de dentro

Há Vinte Muros

E Vinte Paredes

E nenhum homem

Me alcança.



Só quem lá chegou,

Por algumas horas,

Foi a mãe-parta,

Veio de visita

Para calcular a altura

De meus muros.



Pensou e calculou

E deu 50 anos.

Mãe-parta acertou,

Eram cinquenta e quatro anos.



Depois ninguém veio mais,

Os Vinte Muros e

Vinte Paredes

Foram perdendo a razão,

razão, pobre dela,

de existir!



Meus escudos para nada

Mais serviam!

Já que homem algum

Se interessava pela

Minha proteção.



Ela, cada ano,

Se lancetava e

Tomabava grandiosa.



Até que nada mais restou.

Meus Vinte Muros e

Vinte Paredes

Perderam o dom e,

Pobres, se esfolaram em

Terra velha e saibro de rio velho.



Num belo dia,

Quando o dia era de

Bom sol e calor

Como é de feitio em

Las Palmas,

Eles tinham sumido.



E de vazio em vazio,

Senti que de nada mais

Era dono.



A idade tinha chegado

E com ela, esfolaram

Meus Vinte Muros

E Vinte Paredes.



Fui morar, de remorço,

Na casa alheia,

Perto da praia de Castelha.



E daquele dia em diante,

Voraz e atiço, passei a construir

Muros e paredes de areia, mas

Que lá no dourado do sol,

Durava uma maré.



Fui chamado, já velho,

De rei da areia,

Construtor ocupado

De paredes e muros

De areia e conchas.



E por lá fiquei.

De sol em sol, mais

Envelheci.



Até que um dia,

- e um rubor me toma -

morri coberto de areia

junto com meus Vinte Muros

e Vinte Paredes,

que a sábia maré

fez por bem levar,

Lenta e sóbria,

Como o pai carrega

O filho.



Como a lembrança

carrega a vida.



Mas onde estão,

Tal pai e tal filho?

Encondidos nos sonhos,

De meus Vinte Muros

e Vinte Paredes?

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui