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Poesias-->Senhor das Portas -- 21/03/2000 - 14:19 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
De sua tez amistar

rodeiam pontos de suor

e certas tonturas que não têm cerca.



Fui chamado à proa do nada para conhecer

a dona da morte: senhora bem-vista,

temerosa e amedrontada e tão

bela como arroz-doce.

Mas senhora, dona de todo

o Norte,sabia eu,lá aonde

faz a vida e

mas semeia a morte.





Fui chamado a provar

minha vida e

certos amores.



Fui chamado a provar

de identidade e

provas vãs,

todo o poder

de uma jovem de duzentos

e duzentos e poucos anos,

dona de mim,

escrava do Senhor das Portas.



Fui enbojado de suor,

trêmulo de alegria

e augusto de pavor,

tentar com molho de vinagrete

colher os frutos da bela paisagem

e rever o que fui ontem -

dono de pedras -

e o que sou hoje -

dono de portas do tempo.



Rude Senhor das Portas,

que só nos deixa no cercado.

No árido, nas janelas sem emoção.



De duzentos em duzentos

e poucos anos estaremos

de volta - disse alguém

de angústia emproado.



O resto não importa mais.

A rua tangenceia de povo,

urnas e estátuas.



Os prédios nos fazem

coisas minúsculas

mas dele somos donos.



O Senhor das Portas

só faz perguntas etéreas

e nos deixa sempre no cercado.



Pergunto por Marie e ele

solene, diz: Marie só, se foi.

Eu sozinho, juncado de

instrumentos que me levam

em direção sol

só pergunto por Marie.



Ontem, duzentos e duzentos

e poucos anos,

lá estava ela de blusa carmim

e beijos escorridos,

com saias de belas rosas.



Tramitava em si a ordem maior

do Senhor das Portas:

faça dela coisas de amor

e entregue ao mais

sério rei

dono das terras interiores

que faz do homem um pouco de sal,

faz senhor das pedras

com seu reinado sobre o sol.



E fui e voltei

durante duzentos e duzentos e

mais poucos anos.



E lá ela continuava

em sua escuridão.



Havia partido para

os juncos do Senhor das Portas

e, de resto, só um pedido

deixou: faça dele um rei.



Da rua onde moro,

onde chove pouco e

neva forte,

posso ver todos os

dias, dias de manhã à

sobrenoite,

ela passar lúgubre,

abraçada ao Senhor das Portas.



E apenas um olhar me lança

e sobrepuja em seus lábios:

espere mais duzentos e duzentos

e poucos anos

pois até lá o Senhor das Portas

libertará seu amor

da vã eternidade

para seus braços mortais.

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