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Poesias-->Obrigado Por Perguntar -- 21/03/2000 - 14:14 (José Ernesto Kappel) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Obrigado por perguntar.

Alguém de boa soada,

Lá me pergunta,

Mas de onde vêm?



Chego mais perto e

sussuro afoito -

assustado- e digo:

obrigado por perguntar.



Venho de dois lados,

Todos os dois agudados

de pontas.

Um é lascivo, outro é

de paz.



Mais um de bom-dia

não dá pro outro.



De onde venho

acabotam ventos

sudeste, e boroam

sóis à bombordo.



E me pergunta,

De onde vêm?



Do cabo mais próximo,

do vento mais passageiro.



Venho logo do próximo,

da primeira esquina,

da multidão,

da fantasia do avô

do meio-amor, do pai.



Não venho da mãe, nem da pedra,

não venho do roçado, e pinguelo

anseios de sal.



De onde venho , têm vários

lados que fazem dois.



Sou uma espécie de

rascunho.



Isso - rascunho!

Cheio de figuras

que até hoje não sei

tal significado.



E são figuras estáveis

e comportados.

Juvenis e cheio de

porta-retratos.



De onde venho

Vêm o homem sem lei,

vem o cavalo sem dono,

boitam pradarias

e árvores gigantescas.



Venho disso tudo,

um pouco daqui,

um pouco de lá.



Medroso feito vara verde,

herói de quadrinhos,

Mocinho só de cinema,

Mulher só de vista.



Venho de um pouco

de tudo

e de um pouco de

nada.

Mistura exótica e

feliz.



Venho do pó - porque

dizem que de onde

a gente vem já vai.



Pobre pó!

Não sabe o peso

que carrega!



Venho da quarentena

dos homens, da avidez das

mulheres e da placidez

das criança.



Por isto, acomodado,

digo sensitivo,

tenho vontade de chorar,

mas falta coragem.



Quisera ser John Wayne

para dar tantos tiros,

Quisera ser Joyce para

refazer a beleza.



E por isso sou ambivalente.

Um pouco covarde.

Herói? - Só bem bêbado

de vinho-tonel!



E quando ela me acarecia

e pergunta de onde vêm

eu digo: ora, eu mal sei

chegar.



Se pousei - foi trazido e

forçado,ferido,embatado.



Já perdi cem amigos

Todos eles chegados agora

a uma boa eternidade.



Mas não sou omisso!

Denuncio o rico e empobreço

o miserável. Mas sou bom de coração.



Veloz e ágil, sei correr

feito águia esbaforida, de

tantos anseios.



Quem és tu?

Tu sou eu, raspa

em você, é sua sombra,

seu perdiz,

sua alcova,

seu medo,

suas crianças

que só dão tiro de

pólvora seca e guardam

os canhões para derrubar

os castelos de marfim.



Quem sou eu?

Sou criança suave,

mulher de duas vozes,

homem de montanhas de

palavras.



E se agora fujo do sol

é porque existem alvas

montanhas em luto

para me guardar.



Mas ainda não sou de todo

pois faltam reinados,

Não sou rainha

pois falta seda,

Não sou crianca

porque tenho voz grossa,

nem homem

porque velho não é homem

nem homem é velho.



E se quiser saber mais

faça como aquele rei de

duas coroas:

pegue a vela mais próxima:



Se apagar sou eu

senão,

é tudo pura sombra,

árdua bobagem!
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