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Poesias-->o grito -- 26/12/2013 - 22:26 (maria da graça ferraz) |
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O homem esquálido,
no chão esparramado, olhos de vidro,
cheirava à vômito, ácido clorídrico
e aguardente barata
Seu corpo magérrimo
cobría-se com farrapos
e trazia os pés nus e sujos-
grandes e paquidérmicos-
de pegadas fundas
Na sua boca, o fio de baba
pegajoza, escorria pelo queixo,
caía no pescoço,
formando uma poça de água
ao lado do rosto
A pele grossa, sarnenta,
com feridas pestilentas
resplandeciam raios
como olho de gato
Dormia. Inconsciente.
Semi-morto. Sem reflexos.
Sem reação. Dormia.
Após a convulsão
Eu observava o amontoado orgânico
estendido aos meus pés
Sabia que embaixo de tudo aquilo,
em algum lugar, em meio as lêndeas,
as vísceras, aos trapos, em algum lugar,
entre a bile, os humores, o muco e a borra,
existia um homem soterrado
pedindo por socorro
Tudo aquilo que eu via
Eram peças espalhadas
de um quebra-cabeça chamado "O GRITO"
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